GOAA

COL

Concurso Orla Livre

COM BURGOS & GARRIDO, GABRIELLA ORNAGHI ARQUITETURA DA PAISAGEM, GRUPO SP E SOMAZERO ARQUITETURA E URBANISMO.

Projeto Premiado

O DESENHO DA IDEIA E A IDEIA DO DESNHO – A ESTRUTURA DO FUTURO

Esta proposta para Orla do Paranoá não é um projeto ou desenho de um projeto, mas uma ideia, um conceito norteador. A intenção precípua é construir uma estrutura possível do futuro.

Se entendemos o projeto como “desenho da ideia”, como a manifestação ou explicitação de um desígnio, coordenado, detalhado e preciso, talvez não seja apropriado quando se refere a um Parque em circuito de 80 km de extensão ou, considerando a faixa mínima de proteção de 30 metros, de aproximadamente 2,4 milhões de metros quadrados (correspondente quase duas vezes a área do Parque do Ibirapuera em São Paulo ou do Aterro do Flamengo no Rio de Janeiro, ambos com 1,5 milhões aproximadamente).

Parece mais estratégico e interessante, do que toda a precisão de um desenho sofisticado e detalhado que trate de cuidar de todos os aspectos e especificidades desta vasta área, reforçar uma “ideia do desenho”, com diretrizes capazes de iluminar e orientar as tomadas de decisões sustentáveis que serão responsáveis pela ocupação e consolidação desta área como um espaço público de qualidade, a ser ocupado efetivamente pela população da urbe e não somente pelos moradores locais.

CONCEITOS NORTEADORES COMO UM CATÁLOGO DE IDEIAS E POSSIBILIDADES

A proposta sugere, portanto, conceitos norteadores que sejam capazes de urdir um arquipélago de soluções que podem ser aplicados estratégica e parcialmente (ou em sua totalidade) em diferentes setores da orla no sentido de ir progressivamente constituindo um conjunto integro até encerrar o circuito, como é desejável.

1.MODULAÇÃO DE EQUIPAMENTOS E LEITURA DA PAISAGEM

1.1. LUZ | Elementos verticais na paisagem: as Torres

A primeira ação é implantar ao longo de toda a Orla do lago estruturas verticais que seriam locadas a cada 1km formando um conjunto de 80 torres.

No que se refere comunicação na escala da paisagem, as torres marcariam um ritmo ao longo da Orla e permitiriam uma leitura da intervenção no território, sobretudo a noite quando se tornariam lanternas espelhadas na superfície do lago. Além disto em dias festivos, um feixe de luz lançado ao zênite a partir de cada estrutura marcaria para todos os habitantes da cidade os limites virtuais da água no céu, anunciando a toda cidade a superfície de água, fundindo desta forma elementos físicos e atemporais.

1.2. SOMBRA | Planos horizontais sombreados: os Pavilhões

Cada torre se relacionaria imediatamente com um elemento horizontal planar, um pavilhão, que abrigariam os programas de apoio direto ao público como sanitários, vestiários e bases de salva-vidas e polícia comunitária.

Acolheriam também bares, cafés, restaurantes e lojas que concorrem com outros possíveis programas que ajudariam no equacionamento financeiro da implantação e manutenção do parque, conforme exigência do edital. Além disto estas atividades difusas garantem uma vitalidade e animação ao conjunto considerando sua extensão.

1.3. ENDEREÇO DO PERCURSO | Organizar e associar um circuito turístico no lago ao circuito turístico do eixo monumental

Estes equipamentos – torre e pavilhão – gerariam endereços ao logo do perímetro da Orla, se transformando desta forma em novas referências urbanas.

2.INFRAESTRUTURA COMO CONSTRUÇÃO DA PAISAGEM

2.1. CIRCUITO FÍSICO | Estruturas lineares de mobilidade ativa

Além das estruturas de modulação da paisagem, outro elemento estruturador da Orla será o passeio contínuo em circuito destinado a mobilidade ativa (pedestres e bicicletas), que se vinculam aos novos endereços e promovem a conexão com a cidade.

2.2. MODAIS MÚLTIPLOS | Conexões da mobilidade ativa com as especificidades da Orla

Estas estruturas de circulação estão majoritariamente implantadas diretamente sobre o terreno, após a necessária e delicada acomodação do terreno original. Mas em diversos momentos e situações serão locados sobre a água (mantendo a estrutura dúplice com o banco central) para evitar ocupações consagradas da orla (como edifícios públicos e clubes sociais) ou para conformar espaços de lazer como praias naturais.

2.3. BARCOS EQUIPAMENTOS | Programas flutuantes

Para evitar a construção de outros elementos que subtraiam a área de fruição ou área verde permeável da Orla, se imagina que os equipamentos serão flutuantes e se situam no plano da água. Barcos e chatas, plataformas flutuantes, que possam formar uma rede de equipamentos moveis e flexíveis, compondo programas efêmeros e flexíveis ao longo da orla: barco-cinema, barco-palco, barco-piscina, barco quadra esportiva, barco-teatro, barco-restaurante, etc.

3.NOVA PAISAGEM COMO CONTINUIDADE DO TEMPO E ESPAÇO

3.1. PAISAGISMO ATIVO E CONTEMPLATIVO

Brasília é uma cidade– sobretudo no Plano Piloto – marcada por uma vegetação bem distribuída entremeada por blocos de massas arbóreas densas que constituem verdadeiros bosques urbanos.

A ideia é que esta natureza urbana se dissemine igualmente ao longo da Orla associando este sistema ao conjunto da cidade. Ou seja, a orla será necessariamente uma continuação do que existe e não algo extraordinário.

3.2. O PARQUE COMO UM SISTEMA DE INFRAESTRUTURAS VERDES

Prever em cada ponto de descarga do sistema de drenagem no lago (informação disponível em mapa do termo de referência) ilhas de jardins depuradores. Teriam como função receber os primeiros 15mm das águas drenadas, responsáveis por cerca de 85% da carga de poluição difusa urbana, e direcionar estes volumes para um circuito de jardins fito depuradores. A proposta de ilhas permite resolver os conflitos de descontinuidade (em decorrência de usos específicos como os clubes, palácio do planalto, etc) ao longo da orla.

Projeto:
COL - Concurso Orla Livre
PROJETO:
ORLA DO LAGO PARANOÁ
LOCALIZAÇÃO:
BRASÍLIA | DF
ANO PROJETO:
2018
CLIENTE:
CONCURSO PÚBLICO
ÁREA CONSTRUÍDA:
80KM LINEARES
STATUS :
PROJETO
PROGRAMA:
DESENHO URBANO
EQUIPE: GUSMÃO OTERO ARQUITETOS ASSOCIADOS :
(GUIDO OTERO, MARINA NOVAES, RICARDO GUSMÃO, THIAGO MAURELIO)
GRUPO SP :
(ÁLVARO PUNTONI, ANA CAROLINA MULKI, JOÃO SODRÉ, OTÁVIO MELO)
SOMAZERO ARQUITETURA E URBANISMO :
(EDUARDO GIANNI)
GABRIELLA ORNAGHI ARQUITETURA DA PAISAGEM :
(BIANCA VASONE, CAMILA CIOFFI, GABRIELLA ORNAGHI, LILIAN DAZZI, RODRIGO BORDIGONI)
BURGOS & GARRIDO:
(FRANCISCO BURGOS, GINÉS GARRIDO)

Projetos relacionados