A proposta para a nova UBS quilombola do Gurugi, no município de Conde (PB) busca criar um espaço ao mesmo tempo de cura e acolhimento, aberto à comunidade com o intuito de incorporar conhecimentos e valores culturais locais neste equipamento público.

Para tanto, o projeto foi idealizado como um encontro de três ´casas´, que unem os espaços de acolhimento, reunião e cura sob o mesmo teto. O desenho de sua cobertura materializa a intenção de integração espacial e propõe espaços com alturas distintas de modo a reforçar os diferentes usos.

A proposta consiste em definir um zoneamento claro que organize os diferentes usos e fluxos e que permita um desenho flexível dos espaços, que possibilite a incorporação de futuras mudanças sem descaracterizar o edifício. Assim, os espaços fechados foram organizados em três blocos principais: o bloco de atendimento, com os consultórios, foi posicionado na parte Sul do edifício, servindo às salas de boa iluminação natural e ventilação cruzada e garantindo privacidade. Como as vedações são independentes da estrutura, esta ala fica livre para eventuais mudanças. O bloco de serviço – com acesso restrito aos trabalhadores – e recepção foi posicionado na parte Oeste, separando a entrada da ambulância de um lado e a entrada principal do outro. Por fim, uma sala para atividades coletivas e reuniões foi posicionada na parte Leste do edifício, avarandada entre o pátio e o espaço da horta. Esta sala pode ser inteiramente aberta, de modo a democratizar seu uso e acolher um grande número de moradores.

Para que a UBS garantisse espaços acolhedores e saudáveis, posicionamos um pátio coberto com telha translúcida no centro do equipamento. Este espaço traz ainda mais luz e ventilação natural para o interior da UBS e, assim como o espaço de horta na lateral do terreno, poderá ser apropriado pelos moradores de maneira a ser cultivado com plantas medicinais. A presença deste espaço no coração da UBS faz com que os usuários, familiares e trabalhadores entrem em contato com os perfumes e cores das plantas ali presentes.

A UBS pode ser acessada de duas formas: os usuários e familiares acessam o edifício por uma ampla varanda de acolhimento, aberta e ventilada, que dá acesso à recepção e ao pátio. É por esta varanda que se acessa os bancos de espera dos pacientes e a sala de atividades coletivas. Um segundo acesso de serviço foi pensado para uso preferencial da ambulância, que estaciona em uma área coberta na face Oeste e chega diretamente nas salas de procedimentos mais urgentes. Para facilitar o acesso dos usuários e trabalhadores, o estacionamento e o bicicletário foram posicionados no recuo frontal da UBS.

A construção deste equipamento foi pensada para facilitar sua obra e futuras manutenções, assim como tirar o maior proveito possível das condicionantes climáticas naturais. A cobertura com amplos beirais sobreia o solo da UBS e o protege da chuva tanto nas áreas restritas quanto nos espaços coletivos. A cobertura, destacada das vedações, aproveita os ventos predominantes para ventilar os espaços fechados. Desta forma e quando desejado, busca-se resolver o acondicionamento climático da UBS com estratégias passivas a maior parte do ano. Quando o uso de ar condicionado for necessário, os equipamentos podem ser instalados na galeria técnica, que aproveita o desnível natural do terreno e possibilita a redistribuição de infraestrutura e manutenção de forma limpa e rápida.

A estrutura metálica da unidade foi pensada com seis pórticos metálicos idênticos que estabelecem uma matriz estrutural precisa, econômica e de rápida construção, possibilitando que os serviços da obra subsequentes sejam realizados protegidos do sol e da chuva. Os pilares metálicos são grauteados e reforçados com chapas metálicas para contraventamento Estes dispositivos garantem uma estrutura mais estável e esbelta, outorgando leveza e economia ao conjunto.